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FRED SOUZA CASTRO
(1931 - 2012)
Poeta, videomaker, jornalista.
Frederico José de Souza Castro nasce em São Gonçalo dos Campos, estado da Bahia, Brasil, no dia 1 de abril de 1931. Em Salvador iniciou os estudos de Direito, mas não concluiu. Concursado, trabalhou nos Correios e Telégrafos, em jornais, e aposentou-se pela Assembleia Legislativa de seu Estado.
Obra poética: SAMBA DE RODA Poesia Macunaima – 1957; MEU SAL E MEUS ESPELHOS Poesia Catamilho – 1979.
FRAGMENTO DE UM DIÁRIO
Eu me impus
os riscos
e os petiscos;
com a banda podre
o pomo.
(Ainda o como).
Igual a qualquer um
obedeço aos sinais
a endereços fatais.
O vinho que seduz
acidulou no odre
e é só fartum.
Ratos ariscos
somo
nos beirais.
Onde os petiscos
como
em banquetes reais?
Como da banda podre
a lida;
bebo do acre odre
a vida.
RAINHA OU PALHAÇO?
Quem, no sonho,
A figura sem rosto
Cavalgando a máquina ?
A Senhora Rainha
Ou o Senhor Palhaço ?
Se Rainha e Senhora
Por que não tem face ?
E, se Palhaço,
Será mudo da cara ?
O AMOLADOR DE TESOURAS
O amolador de tesouras
atravessa a rua
atrás do assobio
do realejo.
Eu o vejo
passar
e escuto o comentário
de moças vitalinas
debruçadas em janelas.
Elas
falam de donzelices,
esquerdos costumes alheios,
deslizes
e outras notícias.
O amolador segue,
dobra no fim da rua
e some.
A noite engole o dia;
a fome, agora, é outra fome.
Página publicada em março de 2020
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